Escrito por Profa. Dra. Mariana Fogacci | Revisado e editado por Larissa Sanders
O periograma não é somente mais um exame. Ele é o grande inegociável da odontologia moderna.
Assim como check-ups médicos ajudam a monitorar a saúde geral, o exame periodontal precisa fazer parte da rotina de avaliações de todos os pacientes. Sem ele, não há como garantir que a saúde gengival esteja realmente em dia.
Existem pelo menos oito situações onde o periograma pode transformar completamente o acompanhamento odontológico em sua clínica. E sim, cada uma delas é essencial.
O periograma permite que você mostre ao paciente, objetivamente, quais indicadores precisam ser monitorados rotineiramente. Entre eles:
Tudo isso só o periograma consegue diagnosticar de forma precisa. Mostrar esses dados ao paciente cria consciência sobre a própria saúde e reforça a importância de cuidados contínuos.
Você sabia que uma em cada oito pessoas no mundo tem periodontite grave, segundo a Federação Europeia de Periodontologia? Fazer exame periodontal em todos os pacientes não é opcional. É mandatório.
Um exame visual não é suficiente para diagnosticar alterações gengivais. Visualmente, um dentista pode não identificar problemas e, erroneamente, considerar a gengiva saudável. Não se deve imaginar. É preciso ter certeza. E essa certeza vem somente com o periograma.
Para a gengivite, o índice de sangramento à sondagem já indica a presença da doença quando igual ou superior a 10%. Quanto antes o diagnóstico é feito, mais rápido o tratamento pode começar.
A gengivite é reversível, mas sem o manejo adequado, pode evoluir para periodontite, que destrói tecidos de forma irreversível e aumenta riscos para doenças como diabetes, aterosclerose, DPOC, Alzheimer, artrite reumatoide e complicações gestacionais.
Não existe saúde sem saúde gengival. E não há como atestar saúde gengival sem periograma.
Prevenção sem exame periodontal é cuidado preventivo fake. Simples assim. A profilaxia isolada, sem diagnóstico prévio, não é baseada nas melhores evidências.
O periograma identifica a inflamação gengival e direciona a profilaxia de forma eficaz. Sem ele, não há como prevenir periodontite de maneira consistente.
O cuidado preventivo real nasce do diagnóstico periodontal aliado à profilaxia odontológica.
O periograma é essencial após os passos 1 e 2 do manejo da periodontite. Ele permite avaliar se os desfechos terapêuticos foram alcançados ou se procedimentos adicionais do passo 3 são necessários.
Se persistirem bolsas ≥ 4 mm com sangramento ou bolsas profundas ≥ 6 mm, o passo 3 deve ser considerado. Caso os resultados estejam dentro do esperado, o paciente entra no programa de Cuidado Periodontal de Suporte.
Avaliar a resposta individual ao tratamento garante decisões clínicas precisas e baseadas em evidências.
O que antes era chamado de manutenção periodontal ou terapia de suporte, hoje é o Cuidado Periodontal de Suporte.
Ele deve ser realizado em intervalos regulares, conforme as necessidades de cada paciente, e o periograma é indispensável em cada retorno.
As métricas do exame determinam a periodicidade do acompanhamento. Por exemplo, segundo o Periodontal Risk Assessment (Lang & Tonetti), pacientes com índice de sangramento ≥ 10% ou mais de quatro bolsas residuais ≥ 5 mm têm risco moderado de recorrência, com intervalos de retorno entre 4 e 6 meses.
Cada diagnóstico de periodontite é, também, uma oportunidade de rastrear doenças sistêmicas, como diabetes e hipertensão arterial.
Negligenciar o diagnóstico periodontal significa perder chances de cuidar da saúde do paciente como um todo. O periograma é a porta de entrada para uma abordagem interdisciplinar que integra odontologia e medicina.
Pessoas com condições crônicas, gestantes ou pacientes que planejam engravidar precisam do exame periodontal completo como parte do cuidado integral em saúde.
Entre os grupos prioritários estão:
Quando a periodontite não é adequadamente gerenciada, aumenta a inflamação sistêmica, promove perda dentária e impacta negativamente a estética, a mastigação, a fonética, a nutrição e a qualidade de vida.
Dentistas precisam comunicar cada vez mais a importância do periograma. Isso vale:
O cuidado com o periodonto é uma premissa para o cuidado com a saúde na totalidade. Não realizar o periograma é deixar de garantir atenção real à saúde do paciente. Afinal, saúde da boca e do corpo não se separam.
O periograma não é opcional. Ele é a base do cuidado odontológico moderno, permitindo diagnósticos precoces, prevenção eficaz e integração com a saúde sistêmica.
Incluir o exame periodontal em todos os atendimentos transforma a clínica em um espaço de odontologia preventiva, médica e baseada em evidências.
O periograma ainda gera dúvidas entre dentistas sobre a sua aplicação, periodicidade e impacto na saúde sistêmica. Abaixo estão as respostas para as questões mais frequentes.
É o exame periodontal completo, realizado por sondagem clínica, que avalia profundidade de sondagem, índice de sangramento, mobilidade dentária e outros parâmetros fundamentais.
Sim. Todo paciente deve passar pelo exame periodontal para que a prevenção e o diagnóstico precoce sejam possíveis.
Não. Ele complementa a profilaxia, indicando quando e como ela deve ser realizada.
Depende do risco do paciente. Em pacientes saudáveis, anualmente. Em pacientes com periodontite, a cada 4 a 6 meses, conforme o Cuidado Periodontal de Suporte.
Sim. A periodontite não controlada aumenta o risco de diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, complicações gestacionais e inflamação sistêmica.
Professora Adjunta de Periodontia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e co-fundadora da MedPerio, Mariana Fogacci é uma das principais vozes da medicina periodontal no Brasil. Pós-doutora em Saúde e Ambiente, doutora e mestre pela UFRJ, atua também como coordenadora do Departamento de Odontologia da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e membro da Comissão de Medicina Periodontal da SOBRAPI. Especialista em Periodontia e Prótese Dentária, sua trajetória acadêmica e clínica está centrada na integração entre doenças sistêmicas e saúde bucal, com foco em prevenção, diagnóstico precoce e abordagens interdisciplinares. Com sólida atuação científica e forte conexão com as necessidades reais dos pacientes, representa uma odontologia de base médica, comprometida com resultados duradouros e com o futuro da prática integrada.