A venda irregular de produtos odontológicos na Internet é um assunto que requer atenção, pois tanto os pacientes quanto os profissionais da área podem estar correndo riscos sem perceber.

E embora o Conselho Federal de Odontologia combata essa prática ilegal, é preciso ficar de olho para não cair em um golpe ou armadilha que ofereça perigo à saúde. 

Por isso, iremos explicar como você pode identificar se a venda de um determinado produto é irregular, além de entender mais sobre a legislação e o que fazer para orientar os pacientes.

Por que a venda de produtos odontológicos irregulares no e-commerce tem crescido?

Segundo dados de uma pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos e pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), 69% dos dentistas brasileiros utilizam regularmente plataformas online para comprar produtos odontológicos.

Esse percentual chega a superar o de outros continentes como a Europa, mostrando que os profissionais brasileiros estão cada vez mais em busca de produtos online para seus consultórios e clínicas odontológicas.

O problema, porém, é que além dos produtos vendidos legalmente, existem aqueles que são ofertados de forma irregular, obtidos muitas vezes sem que o dentista ou o paciente sequer saiba disso.

Para entender o que está por trás dessa alta demanda e por que muitas pessoas preferem comprar produtos online, mesmo sem saber se isso é de fato seguro, é importante listarmos alguns fatores comuns a esses tipos de transações, como:

Alcance expansivo

Com a popularização de plataformas de markertplace e redes sociais, qualquer pessoa consegue anunciar e vender produtos, mesmo que isso não passe por uma verificação tão rigorosa na qualidade, o que atrai clientes que buscam mais agilidade na entrega e até mesmo preços menores. 

Preço menor

Outro fator que influencia na decisão dos consumidores por vendas online é o preço mais em conta. Essa é uma prática comum para e-commerce frente a lojas físicas, porém, os vendedores irregulares se aproveitam do valor atrativo ofertado por produtos dentro da lei para oferecer itens com valor ainda menores, o que atrai os consumidores.

Falta de informação

Nem sempre os dentistas e pacientes identificam as informações necessárias sobre o vendedor nas páginas de vendas, como local de origem do produto e se o profissional possui um registro, por exemplo. 

A falta de checagem obrigatória dessas informações pode tornar mais fácil para vendedores irregulares oferecerem seus produtos.

Quais os principais produtos odontológicos vendidos sem regulamentação e seus riscos?

Dos aparelhos às peças ortodônticas, veja a lista dos principais produtos odontológicos vendidos irregularmente e os riscos que podem oferecer à saúde:

• Resinas: materiais como cimento odontológico podem ser comercializados a um menor preço, mas, em contrapartida, podem durar menos, contar com menor aderência ao dente e até mesmo apresentar toxinas nocivas para a saúde.
• Clareadores dentais: podem conter quantidades equivocadas de peróxido de hidrogênio na composição, causando sintomas como sensibilidade na gengiva, queimação e erosão do esmalte dentário.
• Aparelhos e alinhadores: anunciados sem a devida supervisão e acompanhamento de um ortodontista, podem ser confeccionados em impressoras 3D caseiras, sem o molde adequado para a dentição do paciente.
• Peças de implante: motores e peças falsas são vendidos como se fossem originais, mas podem apresentar falhas no funcionamento e contaminação devido à ausência de esterilização.
• Kits de lente: também chamados de snap-on e populares nas redes sociais, eles podem conter facetas produzidas com materiais de baixa qualidade, com encaixe difícil que levam a problemas de mordida e a danos no esmalte do dente.

O que diz a legislação sobre a venda e o uso desses produtos odontológicos?

Desde o final de janeiro de 2025, o CFO reforçou medidas para coibir a venda de produtos odontológicos irregulares, como o envio de ofícios para as maiores plataformas de e-commerce do país com o intuito de retirarem anúncios de produtos piratas ou ilegais supostamente destinados ao uso odontológico. 

Para essa identificação, o órgão avalia, juntamente aos conselhos regionais e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), se há a existência de registros e certificações da vigilância sanitária, para evitar possíveis riscos à saúde da população em geral. 

Em casos onde dentistas e clínicas odontológicas são flagrados vendendo produtos irregulares, eles podem ser denunciados ao CFO e sofrerem penalidades de cunho ético e administrativo, incluindo até mesmo a suspensão do registro de atuação profissional.

A denúncia pode ser feita diretamente ao conselho regional da sua cidade ou a órgãos como a Anvisa e o Procon por meio das redes sociais e portais dessas entidades.

Além disso, o CFO realiza campanhas de conscientização para alertar os riscos desse tipo de produto tanto para dentistas quanto para pacientes, por meio de palestras, site, portal de notícias e redes sociais.

3 dicas para orientar os pacientes e evitar complicações com produtos ortodônticos irregulares

Para prevenir a compra de produtos ortodônticos irregulares, vale a pena tomar alguns cuidados e certificar-se de que os pacientes também seguirão com essa cautela:

1. Divulgue os riscos

Advertir o público sobre os riscos que produtos piratas ou de baixa qualidade podem trazer é o primeiro passo para ajudar na prevenção. 

Para isso, realize campanhas de divulgação de materiais educativos nas redes sociais e em seu site, além de optar pela impressão de cartilhas e cartazes que podem ficar expostos na sua clínica odontológica.

2. Assegure seus direitos e de seus pacientes

Lembre-se de sempre conferir a procedência e qualidade dos produtos utilizados nos tratamentos. Avalie se materiais como resinas, peças de implantes, aparelhos e outros produtos possuem certificação da Anvisa.

Faça também um planejamento de cada etapa do tratamento e não realize ações fora de seu escopo, mesmo se houver insistência por parte do paciente. Registre tudo no prontuário, desde exames até termos de consentimento.

3. Fique atento às práticas ilegais

Oriente seu paciente sobre os sinais de alerta que fazem produtos odontológicos ilegais serem identificados, como a ausência de registro na Anvisa, preços muito abaixo dos oferecidos no mercado, falta de informações técnicas do vendedor e do produto, entre outros.

Na dúvida, cheque sempre o site da Anvisa para saber se um produto é realmente regulamentado ou não antes de comprá-lo ou indicá-lo a seus pacientes.

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